Filme baiano participou da abertura e estará no encerramento do Cine Futuro
Na próxima quarta-feira, às 18h, o filme documentário de
longa metragem Cuica de Santo Amaro será exibido na praça
Municipal, ao ar livre, no encerramento do Cine
Futuro, o VIII Seminário Internacional do Cinema e do Audiovisual. A exibição será defronte do Elevador Lacerda e foi programada pelo Cine Futuro junto ao projeto "Cinema na Praça", que ocorre todas as quartas-feiras, às 18h naquele local.
Cuíca de Santo Amaro foi lançado numa avant-première em Salvador na sexta-feira (9) passada, na abertura do Cine Futuro, em duas sessões, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha. Concluído em janeiro de 2012, foi exibido em
festivais no Rio de Janeiro, São Paulo, Porlamar (Venezuela) e numa
sessão ao ar livre em Luanda (Angola). Em dezembro será exibido no
Cachoeira Doc e no REcine - Festival Internacional de Cinema de Arquivo,
no Rio de Janeiro.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
sábado, 10 de novembro de 2012
Um filme lindo
Por Bernard Attal
Josias Pires e Joel Almeida, adorei o Cuica. Um filme lindo que me prendeu do começo ate o final, equilibrado, bem fotografado, bem montado, som impecavel. Sai desse filme mais rico e mais feliz.
Josias Pires e Joel Almeida, adorei o Cuica. Um filme lindo que me prendeu do começo ate o final, equilibrado, bem fotografado, bem montado, som impecavel. Sai desse filme mais rico e mais feliz.
Cuica de Santo Amaro e as memórias do último bonde
Por Nilson Galvão
"Cuica de Santo Amaro", o documentário sobre esse mítico personagem da Salvador "do tempo em que até os automóveis davam bom dia", dirigido por Josias Pires e Joel Almeida, é muito bom. Gostei do ritmo, da pesquisa de imagens, da edição, do grafismo, da costura, da maneira esperta como se articulam as peripécias do poeta popular, ambulante do noticiário, e os modernos cuícas radiofônicos, Macunaímas de ontem e hoje.
Para além dessa experiência estética, lembrei que meu pai de vez em quando lembra das vindas dele, um sertanejo de Santa Teresinha, a Salvador. Da cidade que era bem diferente, dos bondes e do ponto de ônibus que era ali pelo centro antes de haver rodoviária. Fiquei imaginando se ele não parou pelo menos uma vez naquelas rodas em torno do endiabrado Cuíca, como todo aquele povo dando risada das reportagens-denúncias-crônicas
em versos. Vou perguntar. Mas enfim, essa história de viver as memórias
do meu pai na velha Bahia e me contrabandear pra dentro delas rendeu
inclusive esse poema de tempos atrás:
O último bonde
Devo ter perdido o último bonde, / aquele onde meu pai, um dia, / esqueceu uma maleta cheia de seus / papéis na juventude. Devo ter ido a pé, / pela calçada, pelo comércio, / pela colina sagrada. Devo ter confundido meu pai / com tanta gente. Um homem planejando /
casar e ter filhos, um homem só, na / madrugada, sem a sua maleta para abrir / e viajar. Devo ter tomado um ônibus / quando nem havia rodoviária, e descido / na mais recôndita cidade do universo. // Devo ter enxergado poesia numa casa /simples, nas crianças, num cachorro preto / maluco, cujo estranho hábito era atirar-se, / sofregamente, debaixo de cada carro que / passava pela rua. Numa gata cega que / se batia nas pernas das cadeiras, sob a mesa, /
uma gata cega e arisca, cujos filhos / não vingavam até chegar um que, / noite após noite, miava junto ao / quarto do menino magrinho para acordá-lo / e fazê-lo abrir a janela, e então entrava /
e dormia enroscado em seus pés. // Devo ter sido meu pai enquanto acariciava, / absorto, assistindo ao noticiário, / os cabelos do menino cortados no barbeiro míope, / Mister Magoo, cabelos de homem de verdade, / com todos aqueles caminhos de rato.
"Cuica de Santo Amaro", o documentário sobre esse mítico personagem da Salvador "do tempo em que até os automóveis davam bom dia", dirigido por Josias Pires e Joel Almeida, é muito bom. Gostei do ritmo, da pesquisa de imagens, da edição, do grafismo, da costura, da maneira esperta como se articulam as peripécias do poeta popular, ambulante do noticiário, e os modernos cuícas radiofônicos, Macunaímas de ontem e hoje.
Para além dessa experiência estética, lembrei que meu pai de vez em quando lembra das vindas dele, um sertanejo de Santa Teresinha, a Salvador. Da cidade que era bem diferente, dos bondes e do ponto de ônibus que era ali pelo centro antes de haver rodoviária. Fiquei imaginando se ele não parou pelo menos uma vez naquelas rodas em torno do endiabrado Cuíca, como todo aquele povo dando risada das reportagens-denúncias-crônicas
O último bonde
Devo ter perdido o último bonde, / aquele onde meu pai, um dia, / esqueceu uma maleta cheia de seus / papéis na juventude. Devo ter ido a pé, / pela calçada, pelo comércio, / pela colina sagrada. Devo ter confundido meu pai / com tanta gente. Um homem planejando /
casar e ter filhos, um homem só, na / madrugada, sem a sua maleta para abrir / e viajar. Devo ter tomado um ônibus / quando nem havia rodoviária, e descido / na mais recôndita cidade do universo. // Devo ter enxergado poesia numa casa /simples, nas crianças, num cachorro preto / maluco, cujo estranho hábito era atirar-se, / sofregamente, debaixo de cada carro que / passava pela rua. Numa gata cega que / se batia nas pernas das cadeiras, sob a mesa, /
uma gata cega e arisca, cujos filhos / não vingavam até chegar um que, / noite após noite, miava junto ao / quarto do menino magrinho para acordá-lo / e fazê-lo abrir a janela, e então entrava /
e dormia enroscado em seus pés. // Devo ter sido meu pai enquanto acariciava, / absorto, assistindo ao noticiário, / os cabelos do menino cortados no barbeiro míope, / Mister Magoo, cabelos de homem de verdade, / com todos aqueles caminhos de rato.
Avant-première de Cuica, por Paulo Galo
Passados quatro anos desse post aí (http://blogdogalinho.blogspot.com.br/2008/05/josias-pires-resgata-cuca-de-santo.html), fomos, eu e Angélica, assistir a avant-première de "Cuíca de Santo Amaro", ontem à noite no Cine Glauber Rocha, aqui na velha cidade da Bahia.
Cinema cheio, nas duas sessões programadas para a noite. Muita expectativa na entrada, um doce encantamento na saída. Josias
e Joel produziram um documentário a um só tempo importante e suave.
Gostoso de ver e capaz de ser compreendido até por quem nunca chupou um
autêntico picolé da Capelinha. Vai enternecer muita gente, para além das
paróquias baianas.
O "Cuíca" de Josias Pires e Joel de Almeida, o "Guerreiro" de Anselmo Serrat e a Rumpilezz de Letiers Leite
talvez sejam tão-somente doces exceções, ilhas de redenção a nos
abrigar dessa infame nuvem de obscuridade política e cultural que
estacionou sobre os céus da Bahia nos últimos 30 anos.
Mas pode ser
- e aqui dou a palavra ao incorrigível otimista que habita minha alma
bipolar - que a eles os deuses tenha dado a missão de anunciar que é
chegada a hora de volta a ver gente talentosa produzindo maravilhas
todos os dias.
Vou mais longe nessa vertigem preconizadora: pagos
os pecados cometidos - meu deus, foram tantos assim?- acho que seremos
merecedores até de uma safra de homens públicos maiúsculos. E de
dirigentes de futebol vencedores e decentes.
Não estranhe tanto
assim os meus devaneios, escassa mas valorosa plateia. Lembrem-se que
pelos mesmos becos imundos da velha São Salvador de hoje perambularam
um dia gente como Caymmi, Menininha do Gantois, Smetack, Raul Seixas,
Genaro de Carvalho, Orlando Gomes, Jorge Amado, Irmá Dulce, Armandinho
Macedo, Caribé, Glauber Rocha, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Pierre
Verger, Mãe Aninha, Olga do Alaketu, Mario Cravo, Martim Gonçalves,
Edgard Santos...
Bem vindos sejam os novos baianos!
Somos todos Guarani Kaiowá e Cuíca
Por Marcus Gusmão
10/11/2012Foto: Tainá Guarani Kaiowá
Chegamos ao Campo Grande às 18h40 sem esperança de encontrar alguém. Mas estavam todos lá, cantando e dançando, como índios. De conhecidos só Jocete, a médica das crianças, e Franciel com sua amada estrangeira. Seguimos para o Largo dois de Julho, como um bloco de índio, tomando as ruas, no mesmo percurso do Carnaval.
Na saída do Campo Grande Soraya avistou um menino, olhou para a mãe e chutou. Será Tainá? Sim, era Tainá, nossa amiga de facebook se materializava ali. Sim, este povo do facebook existe e se encontra na rua como Ivete Sangalo. Acredite. O melhor é a alegria, como se a gente já se conhecesse desde criancinha.
Lembrei da primeira passeata, em 1977, 78. Saímos da Politécnica, descemos pela Praça Reis Católicos com viadutos ainda em construção, gritando para os operários – ”não fique aí parado, você é explorado”, – não convencemos ninguém a nos seguir. Lá na frente, no Tororó, encontramos a polícia e as bombas de gás lacrimogêneo.
Hoje, na Avenida Sete, quem tava nas calçadas até ria da gente. “Não tem nem um índio aí”, vi alguém comentar em tom de gozação. No Largo 2 de julho o grupo se concentrou, a dança ficou mais intensa, eu me senti na minha tribo.
Outro dia estava conversando entre amigos sobre este tipo que somos, de querer mudar o mundo, mal conseguimos conduzir nossas vidas, mas insistimos em mudar o mundo. Mas vale a pena, não me arrependo e não poderia ser de outra maneira. Nem a gente e nem o mundo tem jeito.
Na praça Castro Alves deixamos nosso bloco seguir e fomos ao encontro de outra tribo no Cine Glauber. E lá se materializou muita gente, muita mesmo, gente bacana da Escola Técnica, em torno de Josias para a estreia de Cuíca.
Confesso que tive medo de não gostar, documentário longa metragem é barra pesada pra gente impaciente com cinema como eu. Normalmente durmo em cinema e já estava me preparando pra sentir sono.
Qual o quê. O filme me pegou do começo ao fim, pela pesquisa de imagem, pelos depoimentos, pela costura, pelo personagem, pela conexão com seu tempo. Josias e Joel fizeram uma aula sobre história da Bahia em movimento. Muito, muito bacana.
Voltamos para casa com a alma lavada. Viva os Guarani, Viva Cuíca, Viva Nóis.
Foto: blog Cuíca de Santo Amaro, o filme
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Longametragem Cuíca de Santo Amaro abre Cine Futuro nesta sexta (9)
Curta a nossa página no facebook: http://www.facebook.com/ cuicadesantoamaro
Depois do Rio de Janeiro, São Paulo, Luanda, Angola, e Porlamar, Venezuela, o filme Cuíca de Santo Amaro será lançado em Salvador, nesta sexta-feira (9), na abertura do Cine Futuro, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, em duas sessões, às 20h e 21h30min. Antes, às 19h, será lançado, no mesmo local, o livro "A Verve de Cuíca", patrocinado pela Fundação Pedro Calmon.
Sinopse do filme:
Veja o site do filme:
Depois do Rio de Janeiro, São Paulo, Luanda, Angola, e Porlamar, Venezuela, o filme Cuíca de Santo Amaro será lançado em Salvador, nesta sexta-feira (9), na abertura do Cine Futuro, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, em duas sessões, às 20h e 21h30min. Antes, às 19h, será lançado, no mesmo local, o livro "A Verve de Cuíca", patrocinado pela Fundação Pedro Calmon.
Sinopse do filme:
Na Cidade da Bahia de Todos os Santos dos anos 40 e 50
Cuíca de Santo Amaro atenta contra o pudor e brada contra a hipocrisia, revela
em praça pública segredos de alcova e trapaças de ricos marreteiros. É o
cronista social. Nada lhe escapa: o custo de vida, os crimes mais comoventes,
manobras dos líderes da II Guerra Mundial. Suas histórias não raro obscenas
vendem como caninha nas feiras de Salvador e do Recôncavo da Bahia.
Transformado em personagem dos escritores Dias Gomes e Jorge Amado e de filmes
de Roberto Pires e Anselmo Duarte, Cuíca deixa atrás de si um rastro de
polêmica. “Comigo não tem bronca”, garantia. É a versão popular do boca
de brasa, o Gregório de Mattos sem gramática. Herói e anti-herói.
Trovador reporter. O maior comunicador que a Bahia já teve. É um performer
antes de Salvador virar metrópole.
A Verve de Cuíca - Este é o título do livro publicado
pela Fundação Pedro Calmon, da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult), por
iniciativa do seu presidente, o professor, escritor, historiador Ubiratan
Castro. O livro reúne 20 "livrinhos de histórias" escritas pelo poeta
popular, o trovador repórter Cuíca de Santo Amaro; e um texto do escritor
paulista Orígenes Lessa que relata encontro com o vate baiano na parte alta do
Elevador Lacerda, ocorrido no dia 10 de junho de 1955. O texto de
Orígenes Lessa foi a fonte de inspiração para serem criadas as cenas animadas
da abertura do filme.
Leia texto do cineasta Fernando Belens sobre o filme:
Leia texto de Josias Pires sobre o filme
Veja entrevista dos diretores do filme ao programa da TVE Bahia
Soteropolis
Veja o site do filme:
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