Por Lula Oliveira
A sessão de Cuica de Santo Amaro no projeto Cinema no Telhado, do
Instituto Goethe, foi também bastante prestigiada. Tivemos cerca de 60
pessoas na platéia. Inclusive, estudantes da Alemanha que estão fazendo
intercâmbio cultural em Luanda. Existe
uma grande dificuldade em compreender o personagem Cuica...muito
distante da realidade daqui de Luanda. Não sei também até que ponto a
tradução em inglês legitima a nossa lingua portuguesa com as suas gîrias
e modo todo particular de se expressar. Entretanto, há um encantamento
pelas imagens de arquivo da cidade de Salvador, Recôncavo... e são essas
imagens que seguram o público no filme no início. São essas imagens que
dialogam e permitem que o público, aos poucos, vá conhecendo o
personagem central.
O angolano se enxerga no filme, nas suas
imagens antigas mas facilmentedo que degusta o personagem do filme. Mas,
ao final, embevecido pelas imagens, todos saíram conhecendo melhor o
personagem.
Depois no debate, falando do processo do filme e
do desafio dos realizadores e da produção em fazer um documentário onde
existem pouquíssimas imagens do nosso personagem, perguntaram como
conseguimos encontrar a voz de Cuica se não existem imagens. Eis a magia
do cinema e a revelação que aquela voz é interpretada por um ator,
surpreendeu a todos na sessão.