Filme baiano Cuíca de Santo Amaro estreia dia 24 no RJ
A estréia em SP será no dia 29 de março no CinesescBomba!! Bomba!! Bomba!! / Aguardem!! Em breve!!
No próximo dia 24 de março, às 19h, no Espaço Itaú de Cinema Botafogo, Praia do Botafogo, Rio de Janeiro, o filme documentário de longa metragem (2011, 73 min) Cuíca de Santo Amaro abre a seleção de longas nacionais do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. O filme tem a direção de Joel de Almeida e Josias Pires, com o apoio do programa Petrobras Cultural.
O Festival programou mais uma sessão do filme no Rio de Janeiro, no dia 27 de março, às 15 no mesmo local. A estreia do filme em São Paulo será no dia 29 de março, às 21h, no Cinesesc– SP, na Rua Augusta, 2075. A segunda sessão do filme em São Paulo será no dia seguinte (30), às 15h, no mesmo lugar.
Comigo não tem bronca, dizia o trovador repórter desassombrado
Trovador maldito da poesia popular do Brasil, personagem controvertida, produz entre 1930 e 1963 cerca de mil títulos de livros de histórias, nome que dá aos folhetos que só depois passaram a ser conhecidos na Bahia como literatura de cordel.
Inspira Jorge Amado e Dias Gomes, que fazem de Cuíca personagem de quatro romances e da peça de teatro que, reapresentada pelo cinema, leva Anselmo Duarte a ganhar a Palma de Ouro em Cannes, com o filme “O Pagador de Promessa (1962). Na mesma época Cuíca de Santo Amaro faz a abertura do filme “A Grande Feira” (1961), de Roberto Pires. Seus livros vendiam como pães quentes nas feiras da Bahia.
É o defensor do povo contra os marreteiros e também o diabo das encruzilhadas, dos mercados, das festas e das frestas, personagem dos avessos e das margens, dos temas proibidos, picarescos, obscenos, malditos. Neste figurino ele aparece em Pastores da Noite e A morte e a morte de Quincas Berro D’Água e na peça O Pagador de Promessas, de Dias Gomes, adaptada para o cinema por Anselmo Duarte.
Faz propaganda comercial em portas de lojas. É histrião e usa métodos não convencionais para a coleta de notícias que usa na confecção de versos. Encarna personagem desabusada, que escreve, publica e vende nas ruas folhetos de protestos em plena II Guerra, reportando com humor a carestia da vida, demonizando Hitler, Mussolini e Plínio Salgado, elogiando Getúlio Vargas e Luís Carlos Prestes – apesar de posteriormente publicar folheto em favor da candidatura do camisa-verde e demonizar Prestes. Muitas performances fez ao lado de cartazes expostos nas ruas com frases e desenhos sobre os temas dos folhetos, ilustrados pelo amigo Sinézio Alves.
Em 1945 Jorge Amado o anuncia como “O Trovador da Bahia”. Em 46, a fama de Cuíca estende-se para todo o país, através da publicação de fotografias de Pierre Verger e de textos de Odorico Tavares e Jorge Amado na revista O Cruzeiro.
Durante duas décadas nas cidades da Bahia Cuíca de Santo Amaro atenta contra o pudor e brada contra a hipocrisia, revela em praça pública segredos de alcova e trapaças de ricos marreteiros. “Comigo não tem bronca”, garante. É a versão popular do boca de brasa, o Gregório de Mattos sem gramática. Poeta mais temido da Bahia é o defensor do povo, a voz do escândalo. É um herói e um anti-herói. Anjo torto, da boca torta. Poeta livre. O maior comunicador que a Bahia já teve.
Equipe
Direção – Joel de Almeida e Josias Pires
Diretor de Fotografia – Paulo Hermida
Direção de Produção Luciana Freitas e Marise Berta
Direção de Arte – Ian Sampaio
Direção Musical – Tuzé de Abreu
Som Direto – Rodrigo Alzueta e Napoleão Cunha
Montagem – Bau Carvalho
Produção Executiva – Adler Paz, Bau Carvalho e Lula Oliveira
Voz de Cuíca de Santo Amaro – Gil Teixeira
Programa do Festival http://www.itsalltrue.com.br/2012/index.asp